FOTO: Posto Seguro Brasil
O mundo em transição busca um substituto para o petróleo. O segundo episódio da série “O Futuro da Energia” mostra como o hidrogênio destaca-se como uma alternativa viável nesse cenário. Depois de pronto, esse elemento pode ser usado pelas indústrias do Brasil ou exportado para outros países.
“O hidrogênio é hoje uma alternativa de produção de um combustível que pode perfeitamente substituir os combustíveis fósseis em todas as aplicações. Desde que o hidrogênio seja obtido a partir de uma fonte renovável”, explica professor do Instituto de Energia da PUC-Rio e especialista em transição energética, Edmar de Almeida.
O hidrogênio é verde quando produzido a partir de uma fonte de energia 100% renovável, como uma usina solar. Esse novo combustível é o resultado de pesquisas, investimentos e da urgência em construir um futuro energético sustentável.
O hidrogênio é o elemento mais abundante da natureza, está em todo lugar, no nosso corpo, no nosso dia a dia o cafezinho que a gente toma tem muito hidrogênio, na fórmula química do café, do açúcar e, claro, da água. Água que é matéria-prima na produção do hidrogênio verde.
Impacto sustentável nas indústrias
O hidrogênio já é usado pelas indústrias. Só que hoje, ele vem de uma fonte fóssil: o gás natural, que emite gás carbônico. Indústrias siderúrgicas, de cimento, químicas, farmacêuticas dependem dos combustíveis fósseis e são consideradas de difícil descarbonização. O hidrogênio verde aparece como uma alternativa sustentável – com emissão bem perto zero.
Uma máquina instalada no complexo portuário do Pecém, no Ceará, simula como seria a queima de uma indústria usando o hidrogênio verde. Não sai fumaça nenhuma. Diante desse potencial, o Complexo já tem pré-contratos assinados com quatro empresas para a produção do novo combustível.
“Nós estamos falando de investimentos da ordem de 8 bilhões de dólares até 2030. De um processo de neoindustrialização verde, aproveitando a transição energética para colocar o Brasil, o Ceará, o Pecém, como protagonista nesse processo de transformação mundial”, ressalta Hugo Figueiredo, Pres. da Companhia de Desenvolvimento do Complexo do Pecém.
Cooperação internacional
A União Europeia quer ter a economia 100% descarbonizada até 2050.
“O porto de Roterdã já tem a infra estrutura, mas não o suficiente para abastecer toda a Europa. Precisamos importar”, diz Corné Hulst, Gerente-geral do porto de Roterdã.
Por isso, a parceria com o Brasil é tão importante para a usina que deve ficar pronta em 2028.
“O Brasil tem o que nós queremos. Sol, vento e tecnologia para exportar para a Europa”.
Avanços das pesquisas
O interesse tem feito multiplicar as pesquisas no país. Ricardo Ruther, é professor da Universidade Federal de Santa Catarina e estuda energias renováveis há quase 30 anos. Todos os esforços da equipe dele estão voltados para a produção de hidrogênio verde.
“A gente traduz, então, a produção de energia solar e captação de água para a produção de hidrogênio verde, para com isso, eliminar a geração diesel, né? Esse ano o Brasil vai gastar R$12 bilhões para queimar diesel, para levar energia para menos de 1% da população. Em qualquer lugar da Amazônia, em qualquer lugar do mundo, você pode replicar esse ambiente aqui. E fazer tudo com os insumo locais sem precisar transportar nada”.
Regulamentação como um desafio
O Brasil está na corrida pelo hidrogênio verde, mas a regulamentação é um desafio.
“Até dezembro, nós enviaremos ao Congresso Nacional, o marco regulatório de hidrogênio verde. Nós acabamos de enviar o projeto combustível do futuro, integrando todas as políticas de descarbonização do setor de transporte e do setor de mobilidade”, anuncia o Ministro de Minas e Energia.
O programa nacional de hidrogênio está em andamento. Segundo o ministério, atualmente, existem 32 ações de incentivo no país.
Fonte: G1 Globo – Fantástico“Até o ano 2030, o Brasil vai ter a grande chance de se estabelecer, de se consolidar como um grande produtor de hidrogênio verde”, afirma Ricardo Ruther, professor da UFSC.